domingo, 3 de fevereiro de 2013

Choveu muito.
Um homem bateu na minha porta em mangas de camisa pedindo comida.Mas não esperou o sanduiche com pão e leite, tive que sair.( ainda respingava)
Achei por bem levar a merenda caso o encontrasse no caminho, já estava pronto mesmo,chegando quase no centro avistei um velhinho chapéu e sandálias, um pé com meia, maltrapilho e dono de uma mochila da escola suja e nem cheia,vinha caminhando pelo centro.Caminhava como um velho, aos passinhos, e demorou o pescoço no frango de televisão em frente ao açougue, no meu estômago lhe doeu a fome, parei o carro: o senhor aceita um café da manhã? E , o azul já meio cego e sem foco ficou mais claro, radiante, e sua boca se abriu num sorriso de velho, descansando um pouco do abandono , teve um momento de felicidade.(seus pés estavam molhados na sandálias, só uma meia, o outro pé descalso.).Me olhou florindo : obrigada!,me disse nos olhos.(e parece que me viu melhor que eu mesma, já perdida em poças,pesadelos, egoísmos, ilusões).Seu olhar me encheu de alguma coisa, que viu em mim algo que eu não via.Fui pra casa sem fome a imagem do velhinho indo ao encontro do banco dos taxistas em frente a igreja, sentindo-se confortado os passos eram mais confiantes no encontro do alimento.Deixou comigo esta angústia do viver a esmo e seu momento de alegria.Quantas e quantas voce sem abrir a porta de casa : Não atende que é bêbado!Porque nos ensinam este desprezo?!Como fossem portadores de doença contagiosa, todos os andarilhos sem teto fossem bêbados, como todo jovem miserável fosse vagabundo e a criança sem vergonha.Ponha tento:Traz felicidade minimizar a fome.Os bêbados também tem fome, e a fome tira a vergonha do jovem e da criança para que implore por comida...Nem sempre a oportunidade acontece.Não para todos.
Tenha amor a vida!

...Existe alguma coisa em voce e em mim que só a alegria refletida no olho de outrém traz a tona.

Renata Koury

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